Combate à Covid-19, fake news e defesa da Cinemateca são temas da Tribuna Virtual

Entre outros assuntos, uma possível ameaça fascista no país foi abordada por parlamentar

MAURÍCIA FIGUEIRA

Mais de 60 deputados assinaram o Projeto de Lei 350/2020, que estabelece medidas emergenciais de combate ao novo coronavírus. Algumas
das emendas apresentadas à matéria foram o tema inicial da Tribuna Virtual desta quinta-feira (4/6). A deputada Janaina Paschoal (PSL) defendeu emendas de sua autoria. Em uma delas, a parlamentar pede que seja retirado do texto do projeto indenizações para empresas contratadas pelo Poder Público. “Não me parece justo nem lógico que haja indenização para empresas”, afirmou.

Janaina Paschoal comunicou que analisou o processo de contratação dos respiradores pela Secretaria da Saúde e pediu mais informações ao secretário a respeito. “Estamos cumprindo o nosso papel de fiscalização, vamos ficar até o final para que ou os respiradores sejam entregues, ou o dinheiro seja devolvido”.

A deputada falou que considera positiva atitude do novo secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Wizard, a respeito
da suspensão dos contratos de compras de respiradores no exterior. “Não sabemos onde houve incompetência ou inocência demais, mas é
fato que, em vários estados da federação, foram feitas compras em empresas chinesas e a mercadoria adquirida não foi entregue. Em muitos desses estados houve a exigência de pagamento antecipado”.

Fake news

A parlamentar registrou também que a CPMI das Fake News catalogou a Gazeta do Povo como um dos jornais disseminadores de notícias falsas. “Estou muito preocupada com o rumo que o país está tomando nesse debate. Não me agrada a publicação de notícias falsas, mas me preocupo em quem são as autoridades que vão determinar quem faz fake News”, opinou.

O número de mortos pelo coronavírus no Estado de Santa Catarina foi o assunto seguinte da Tribuna Virtual. “Florianópolis, em Santa Catarina, teve até hoje sete óbitos. O estado todo perdeu cerca de 150 cidadãos catarinenses”, comentou o deputado Rafael Silva (PSB). O número baixo de mortes no estado é consequência de medidas governamentais, segundo o parlamentar. “Eles tiveram seriedade por conta do governador. Em março paralisaram o transporte coletivo. Denunciei no mês de março que teríamos muitas mortes e que o vírus seria encaminhado para os bairros periféricos”. Rafael Silva considera o transporte público um dos grandes disseminadores do novo vírus. “Em Santa Catarina os ônibus vão voltar a circular a partir da próxima segunda-feira. Mas o prefeito de Florianópolis falou que vai esperar até o dia 17, e com apenas 40% da lotação, com fiscalização do uso de máscara e, se houver problema, o prefeito falou que paralisa de novo”, falou o parlamentar.

Ameaça fascista

Uma possível ascensão da ameaça fascista no Brasil foi o tema do discurso da deputada Monica da Bancada Ativista (PSOL). A deputada citou manifestações antirracistas nos Estados Unidos e antifascistas em São Paulo. “No momento em que o mundo está lutando contra o racismo, o governo Bolsonaro passou a caprichar nas mensagens supremacistas bra ncas. No momento em que o mundo está discutindo
segurança, o governo Bolsonaro não tem soluções para a vida material das pessoas”, afirmou. Monica também criticou a divulgação de dados de ativistas. “Estamos entrando hoje com mais um pedido de cassação contra o deputado Douglas Garcia por atitudes de perseguição a ativistas de esquerda. Não aceitamos que as pessoas sejam ameaçadas dessa forma”.

Finalizando a Tribuna Virtual, Carlos Giannazi (PSOL) falou de sua indignação com o anúncio da Secretaria da Educação sobre a flexibilização da volta às aulas para julho. “Ontem perdemos 1.300 vidas. O Brasil é o epicentro do coronavírus no mundo. São Paulo é o estado com mais pessoas contaminadas, em que mais morrem pessoas e, no entanto, os governos falam em flexibilização”. Para o parlamentar, o momento não é adequado. “Eles estão flexibilizando no auge. Isso não tem sentido. Flexibilizar no mês de julho a volta às aulas é um crime. Isso desestimula o isolamento social, dá impressão e que está melhorando e não é mais necessário tanto rigor”.

O deputado declarou que o fato expõe os funcionários ao coronavírus. “Esses servidores estão correndo sério risco de saúde por conta dessa orientação genocida da prefeitura. É um absurdo que alguns prefeitos se comportem dessa maneira”.

Defesa da Cinemateca

Giannazi informou, ainda, que será realizada uma sessão solene virtual em defesa da Cinemateca. “É uma instituição importante de acervo e
divulgação de toda a produção cinematográfica do Brasil. Ali temos um tesouro cultural e histórico de tudo o que foi produzido pelo cinema brasileiro. No entanto, a Cinemateca está totalmente abandonada, ameaçada pelo fechamento”. O parlamentar reforçou que o governo federal é obrigado a preservar o patrimônio cultural do país.

 

Fonte: Diário Oficial do Estado de São Paulo

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