Entrevista com Janaína Paschoal sobre Temer e o momento atual

Por: Paulo Ghiraldelli

PG: Como você viu a indicação para o cargo de Procurador Geral da República? E a indicada, o que acha?

JP: Eu penso que a Procuradora eleita e indicada tem toda legitimidade. É concursada, está no topo da carreira ministerial, não há fato que a desabone, foi escolhida nos termos da Constituição Federal. Achei as reações negativas ao nome dela injustas. Não a conheço, mas torço por seu sucesso no novo cargo. Que as responsabilizações continuem!

PG: Você não achou aquele voto do ministro Marco Aurélio, em favor de Aécio, antes um elogio desmedido que um voto digno de respeito a argumentos jurídicos? Afinal, no voto ele chegou até mesmo a mencionar que Aécio havia perdido uma eleição sobre a qual pairava a acusação de fraude! Que acha?

JP: Recebi com surpresa a decisão do ministro Marco Aurélio. Tratou-se de manifestação contraditória à decisão do próprio ministro, no caso do senador Renan Calheiros. Ao restituir ao senador. Aécio o exercício do mandato, o ministro disse que estava priorizando a divisão dos poderes. Ora, em outros casos essa preocupação não se mostrou presente. Também me pareceram inadequados os elogios. Por mais que o princípio da presunção de inocência vigore, a situação do senador. Aécio não permite elogios.

PG: Da situação atual de Lula, você crê que Moro tem elementos para alguma condenação?

JP: Tenho lido as peças que são divulgadas e assistido alguns depoimentos. É impossível acreditar que o ex-presidente tenha passado a vida usufruindo de tantas benesses, sem ser dono de nada. Pelo que já veio a público, entendo que há sim elementos para o ex-presidente Lula ser condenado. Mas não sei se será. Sinto que os políticos (de todos os partidos) se uniram para um salvamento geral. Note que até seus defensores se uniram, mesmo se tratando de políticos de siglas supostamente antagônicas.

PG: Para você, que viveu a experiência de estar perto dos congressistas, há alguma chance de Temer ser realmente arranhado nesse episódio em que enfrenta a acusação vinda de Janot?

JP: Entendo que sim, embora juridicamente haja questões a discutir, politicamente, não vejo como ele se sustentar sem explicar a mala. Só Rocha Loures salva o Presidente Temer!

PG: E  quanto à atuação geral da política, há algo que mudou algumas de suas opiniões expressas durante a fase do Impeachment de Dilma?

JP: Minhas convicções estão ainda mais firmes. Todas as revelações posteriores confirmaram o que eu disse. Nós nunca tivemos oposição! Eles se unem contra nós! É muito triste!

PG: Há analistas que cobram de movimentos sociais, como os que você mesmo participou, uma volta às ruas, agora contra Temer. Você se espanta com o silêncio das ruas no caso Temer?

JP: Eu nunca integrei nenhum dos movimentos. Eles apoiaram o impeachment e eu agradeço, mas eles são livres. Talvez por ser da área do Direito, eu entendo que crime é crime. Mas muitos movimentos acreditam em uma armação do PT. Preferem manter Temer a fortalecer o Lula. Eu penso que Lula (com Dilma), Temer e Aécio estão juntos contra nós!

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